segunda-feira, 3 de outubro de 2022

De pesquisa monográfica e estudos na biblioteca da Universidade

Teresa de Jesus Pessoa (Farias

Bonjour, 

Hoje é mais um dia que escolho o campus da UFBA para me dedicar às pesquisas sobre nossa tia-avó Teresa de Jesus Pessoa. Saí de casa cedo porque tive exames clínicos pra fazer no laboratório instalado aqui na universidade. A vida mundana tem dessas coisas. 

Passei a manhã orientada aos levantamentos históricos na Gazeta Médica da Bahia sobre a nossa tia. A busca hoje rendeu bons frutos. Cheguei cedo e encontrei a sala de estudos - que é coletiva e quase sempre barulhenta - de boa, hoje! 

Pouca gente se direcionou para a sala, que fica no primeiro andar da Biblioteca Central. Tem sempre grupos de estudantes em torno de mesas e em saletas ali instaladas, que cabem quatro ou cinco. E, de frente pra uma das paredes, uma carreira de mesas convivendo no mesmo ambiente frequentado pelos estudantes que se reúnem em grupos. Então, já viu. Nem sempre estudar significa estar concentrado. 

Hoje foi diferente. Eu penso que deva ser resquício das eleições, com muita gente tendo viajado, a Universidade está mais vazia. 

Nessa sala dei continuidade ao levantamento iniciado semana passada, nessa direção, de, em um formigueiro, encontrar algum resquício, alguma folha caída, algum rastro que nos leve ao percurso de nossa tia na Faculdade de Medicina da Bahia, em sua trajetória como parteira diplomada.

Mas, se ainda não foi possível nesse ponto encontrar um só registro sobre ela, aproveito para me deter no que consigo: dentre os objetivos no momento é entender o funcionamento do próprio sistema de formação da Universidade, implantada no Brasil em 1832, na Bahia e no Rio de Janeiro, sendo a Faculdade de Medicina da Bahia, a primeira, do Brasil. 

Hoje realizei uma boa colheita nas páginas da Gazeta. Com registros desde o final dos anos 1880 até 1910, por aí. Tratando da formação de parteiras pela Faculdade, pacotes nos quais se inclui nossa tia. Houve muitos regulamentos. E estou prestando atenção no que é relevante para o trabalho de levantar a passagem de nossa tia por esses espaços, bancos e regimento da atividade de parteira, que esteve sempre em mudança. 

Esse ponto tem me levado a compreender as transformações dessa formação. Mulheres como nossa tia são personagens que desbravaram esse Brasil, em busca de estabilidade em uma carreira difícil. Ela se estabeleceu viajando por Ilhéus, Feira de Santana e Alagoinhas, onde clinicou como parteira, ao mesmo tempo em que criava filhos e tomava conta da família, instalada em Salvador: nossa mãe, irmãs, sobrinhos. Era o cabeça da casa, praticamente. 

Muitas vezes me pego pensando como minha vida deu voltas, até que me vi envolta nesse objetivo de escrever uma monografia sobre uma tia-avó negra, que se dedicou a assistir a partos em um cenário da primeira metade do século XX, na qual a Bahia e o Brasil passavam por transformações econômicas, sociais e culturais impressionantes. Salvador, essa grande metrópole, com problemas sanitários, doenças, pobreza. Desafios que não passaram despercebidos. 

O objetivo agora é entender um pouco de tudo isso. Especialmente o foco de verificar como se dá essa trajetória de alguém nascida em Salvador no fim do século XIX ou início do século XX. Que tinha uma personalidade forte, desbravadora, que fazia os seus corres cuidando das dores de partos de muitas mulheres em centros urbanos e fazendas de cacau na região de Ilhéus. Que ali casou com um fazendeiro rico e branco, por isso mesmo deserdado. E com quem teve dois filhos. E cuja história de aparadora de meninos, como se diz no Nordeste, ainda está por ser revelada. 

E é sobre esse ser importante que me concentro. Não sei dizer porque a vida me escolheu. Mas, eu a escolhi, talvez pelo fato de nossa mãe ter passado a vida nos dizendo o quanto essa figura cuidou, formou e transformou a sua realidade. Promoveu seus estudos, sua formação e sua consciência de mulher independente, que podia escolher seu destino como professora primária do estado, a qual se tornou. Naquele momento, décadas de 1940/50, esse detalhe já era transformador, face ao que sabemos que as mulheres foram talhadas para serem apenas "do lar".  Sorte nossa! 

À tout à l'heur! 

M. 


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

De aventuras, alegrias e saudades: Feliz aniversário, tia Marlene!


Bonjour, 

Hoje seria o aniversário de seus 87 anos. Nossa tia Marlene Moreira Damaceno nos deixou no último mês de maio, depois de 15 dias internada em consequência de um câncer. Era um dos quatro filhos da minha avó materna, Bernadete Pessoa, que teve um filho e três filhas: Minha mãe, meus tios Milton, Marlene e a caçula, Nadir, todos nascidos em   Salvador.  

Nadir morreu acometida de tuberculose na década de 1950, quando Salvador passava por crises sanitárias. A família inteira: minha avó Bernadete, minha tia-avó Theresa - que era parteira diplomada pela Faculdade de Medicina, e o cabeça da família - seus dois filhos, Geraldo e Gildásio, além de minha tia Marlene seguiram para o Rio de Janeiro em busca de tratamento para a minha prima Nadir. E ficaram por lá. 

Apenas na Bahia permaneceram minha mãe, Nilza, que tornou-se professora primária do Estado - e residia em Alagoinhas; e o irmão, Milton, funcionário do IPASE, em Salvador, ambos já com relacionamentos encaminhados. Nadir não resistiu à doença, apesar dos esforços. Minha tia Marlene trabalhou no setor gráfico no Rio de Janeiro, onde conheceu meu tio Ananias. 

Nossa avó

Eu conheci oficialmente nossa tia Marlene por ocasião da morte de minha avó, em 1978. Eu tinha 14 anos e e na ocasião acompanhei minha mãe na viagem de ônibus até o Rio de Janeiro. Foi um episódio traumático pra mim, que fiquei com sequelas emocionais de ter encontrado nossa avó, pela primeira vez, ainda na pedra do necrotério do Hospital, à espera dos procedimentos funerários. 

Eu não tinha toda essa coragem. Nem sabia que situação iria encontrar. Mas, o que parece é que minha mãe recebera algum provável telegrama ou outro comunicado de alguma outra forma, uma vez que nessa época de baixo acesso às comunicações, não tínhamos telefone em casa. 

O fato é que encontrei nossa avó pela primeira e última vez com um fumacinho de algodão nas narinas. E aquela foi a imagem que me perturbou até hoje. A experiência me rendeu nos dias seguintes, noites em claro, dado que a morte, diretamente de algum familiar, seria a primeira vez que encararia. Não recomendo o método! 

Lembro-me que era de estatura pequena, estava com pouco peso, usava um robe branco. E eu me senti muito incomodada com a imagem final desse ser, que não cheguei a conhecer de outro modo. Ficamos por ali, minha mãe provavelmente tão surpreendida quanto eu. 

Aguardamos em algum lugar os procedimentos, a chegada do caixão, nem sei, não me recordo desse detalhe. Apenas de que seguimos para o cemitério do Caju, onde minha avó se encontra enterrada no jazigo da família. 

Visitas

Desde esse triste episódio, nossa mãe e minha tia Marlene passaram a se ver mais. Especialmente porque ao contrário de minha mãe, Nilza, que possuía temperamento mais reservado, a minha tia Marlene era uma pessoa calma, de passos macios, mas ao mesmo tempo alegre,  risonha, de bom humor, gostava de uma "beer", de acarajé, e como uma boa baiana, com seu carioquês, vivia de bem com a vida. 

Nos últimos anos vinha com regularidade a Salvador. Eu me ocupei em grande parte das vindas dela à cidade, interrompida pela pandemia. Por vezes, ajudando na dinâmica dos voos, por vezes realizando com ela os trajetos de visitas às casas do irmão Milton, no subúrbio de Paripe, e de minha mãe, quando ainda em Alagoinhas. E, nas últimas viagens, em Aracaju, onde minha mãe residiu no último período da vida até falecer em 2014. 

Mas, até esse ponto mais recente, eram minha tia Marlene e meu tio Ananias, o esposo, eles próprios que organizavam as visitas. Minha tia, sempre de bom humor, uma alegria e encantamentos com todos os lugares por onde passava. Em algumas das visitas, trouxe a neta mais velha, nossa prima, Pryscilla, a quem criou como filha. 

Tinha plena satisfação em visitar a família inúmeras vezes e um amor e uma amizade imensos por minha mãe, sua irmã, e os sobrinhos. Um deles, nosso irmão mais velho, Gute, morou com ela desde os 10 anos, no Rio de Janeiro. Retornou apenas com 26 anos, em 1977. 

Última viagem

Na última viagem, em 2012, levei-a a Aracaju para visitar nossa mãe e os sobrinhos, que residiam por lá. Fiz com ela e meu tio Ananias inúmeros passeios à praia. Minha tia adorava uma beer e ríamos muito dessa disponibilidade que ela tinha para a vida. 

Como uma boa baiana, gostava de degustar acarajé, de ir à Igreja do Bonfim, de passear pelo Centro Histórico. Em uma dessas viagens, peguei de carro a Estrada do Coco e levei-a para almoçar na Praia do Forte. Ela gostou, mas senti que preferia ainda o ar soteropolitano, que ela amava de paixão. 

Sempre íamos visitar a prima Mida, no bairro da Soledade, com quem foi criada. Minha tia adorava o cardápio baiano que a prima preparava. Minha tia Marlene teve três filhas:  Eliane, Adriana e Isabel, com meu tio Ananias, o amor da sua vida. E três netas: Pryscilla, Nadir e Giovana, e o primeiro bisneto, José. Minha tia envelheceu com a mente aberta e ativa. E com a alma cheia de vontade de se divertir e de dar risadas. 

Em uma dessas últimas viagens a Aracaju, na volta passamos em visita ao Sítio do Conde, onde residia minha irmã caçula, Virgínia. No retorno, almoçamos na linha verde. E também a levei a visitas ao meu tio Milton, em Paripe, e a meu irmão, Zé, no Caminho das Árvores, que nos recebeu com um lanche. Comemos bolo e servi a meu tio Ananias o maior pedaço. Um ou dois anos depois ele viria a falecer. 

Nossa tia Marlene, que aniversaria hoje, nos deixou no último dia 22 de maio, aos 87 anos. É uma grata alegria, um amor imenso ser sua sobrinha. Meu tio Ananias faleceu de uma pneumonia, há cerca de quatro anos. Imagino que não aguentaria partir depois dela. Um feliz aniversário, tia! Onde quer que esteja! 

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

De Elza Soares e Tia Theresa: Entre mulheres empoderadas e tia-avó na Faculdade de Medicina da Bahia

   

Bonsoir, 

Como vai você? 

Hoje passando aqui depois de um tempão. Espero que esteja bem. Quando vem a Salvador? 

Os últimos tempos a Covid-19 tem piorado no Brasil, com milhares de novos casos da variante Ômicron. Não está fácil o controle, com muitos casos diários sendo registrados. Você deve estar acompanhando. 

Por aqui seguimos com o Brasil e suas perdas. Tivemos no último dia 20/01 a partida de Elza Soares, essa cantora maravilhosa. Esse mito, que nos deixou aos 92 anos. Nossa, esse fenômeno de força e energia! 

Eu estava ligada de alguma forma no movimento dela nas redes sociais. No último aniversário, até comentei que tinha produzido uma arte para ela. E ela me disse: "Mande, mande mesmo!" Mas, Rio de Janeiro, fiquei tímida em concluir a proposta de envio de um dos meus trabalhos de arte sobre cofrinhos de argila. Vinha me inspirando na literatura feminista decolonial que estava lendo. E no tipo de resistência que eu queria expressar. Fiz colagens com Angela Davis e penso que talvez ela fosse gostar do tipo de expressão da qual ela era mestre. Enfim. Eis aí do que estava falando. 

De qualquer sorte, estamos aqui. No final do ano recebi da editora os exemplares relativos à coletânia "Sobre Nossas Avós", na qual eu participo com outros 110 autores e autoras. É uma publicação da Editora Pontes, de Campinhas, coordenada pela professora da Universidade Federal de Sergipe, Maria Aparecida Silva Ribeiro. Ficou incrível o conjunto das narrativas. De alto valor literário. Houve um pré-lançamento em dezembro, de forma virtual. Está previsto para fevereiro o lançamento oficial. 

Eu fiquei muito feliz em participar com uma crônica breve sobre nossa tia-avó Theresa. E, como você sabe, ela é a personagem principal do meu projeto de TCC no Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade. Estou prestes a defender neste semestre. Eu estou me esforçando para levantar dados sobre a nossa tia como parteira. E, confirmando sua passagem pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1912, sua trajetória vai incluir também esse marco. Estou em busca da atuação de nossa tia em Alagoinhas, aqui em Salvador, também em Feira de Santana e Ilhéus, onde ela passou boa parte do início da carreira.  

A crônica em "Sobre nossas avós" fala do meu desejo de reconstruir a trajetória de Tia Theresa, a quem eu encontrei registros em 1934, em um navio saído do Rio de Janeiro com destino a Salvador. Não sei se nossa tia desceu em Ilhéus ou veio direto para Salvador. Estava em companhia de nossos dois primos Geraldo e Gildásio e de nossa bisavó Benvinda. O objetivo agora é entender esse empoderamento em pleno século XX de uma parteira negra, desbravadora de mares.  

Deixo o link para o (a) leitor (a) que desejar adquirir o livro. Só clicar aqui -> "Sobre nossas avós"

PS: imagem Elza by wikimedia.org

À tout à l'heur 

M.





domingo, 20 de junho de 2021

De pandemia e Leon Leal: lembranças do menininho que a Covid-19 levou!

 Bonsoir, 

 Leonzinho. 

Estamos às vésperas do São João. Os festejos por aqui somente virtualmente. Mas, dado o movimento das vendas nessa pandemia, acredito que ainda assim os festejos serão bons para muita gente. Você sabe, ontem batemos a casa dos mais de 500 mil mortos pela COVID-19. Que coisa, hein? Quanta tristeza! 

Não sei se você soube que nosso querido Leon Leal, sobrinho de Gal, como se fosse nosso, partiu esses dias! Ele pegou a Covid e foi internado no Rio Grande do Norte para onde tinha acabado de se mudar pelo banco!  Fiquei arrasada com essa notícia! Foi enterrado em Jequié, onde nasceu! 

Mas, a vida como é? Reencontrei Leon depois de muitos anos só recentemente. É como se ele quisesse se despedir de mim! Estávamos ainda na pandemia. E há coisa de uns três meses começamos a nos falar mais frequentemente. Gal era quem intermediava as conversas pelo zap. E eu ia acompanhando um pouco o que ia acontecendo com eles. 

Um dia lá, fiz uma declaração de quanto eu amava aquele menininho que eu havia conhecido e cuidado. E como ele tinha sido valente. Ele tinha uns quatro, cinco anos, talvez. E um dia eu tinha dormido na casa dele. E quando me dei conta, tinha encontrado aquele toquinho de gente escalando um armário para preparar o próprio café da manhã. 

A mãe sempre deixava as coisas ali por cima, meio que prontas pra ele. Nesse dia, era ele quem se ocupava de escalar aquele armário alto pra alcançar algo que gostaria. Não me lembro bem se era biscoito ou coisa do gênero. Mas, a cena dele se virando sozinho, sem ajuda de ninguém, me escandalizou! Nunca esqueci porque aquela cena não tinha sido a única. E achei aquele menininho loirinho muito valente. A mãe tinha viajado e eu estava com ele e Liginha, a irmã. Desde então, aquelas lembranças me marcaram profundamente, tal a valentia daquele garotinho, que agora a Covid levou!

Eu imaginei qualquer coisa quando Gal me informara que ele havia sido internado. Rezei muito. E ele chegou a melhorar. A esposa de Leo, uma guerreira. Forte! Era quem dava notícia no zap. E eu recebia. Até informar que ele teria que passar por uma traqueostomia, pois tinha pego uma infecção. E o tratamento agora passava por essa nova etapa. Ele já estava entubado. Teve um ataque cardíaco durante o novo procedimento. Morreu no último dia 15/06! 

Eu tive algum sinal porque, ao contrário dos dias anteriores, eu parecia não encontrar mais a luz dele enquanto fazia minhas orações! E depois Gal foi ficando mais nervosa. Sugeri que ela procurasse um posto médico por causa da diabetes. Nos dias seguintes ela me disse pra informar a Zé que Leon estava internado! E, não demorou muito, veio a notícia de que ela havia partido. 

Olha, inacreditável como a vida se organiza. Eu fiquei grata que tivesse podido de alguma forma me despedir dele ainda em vida! E me reencontrar com aquele menino pequenininho que em pouco tempo iria partir. Era feliz, alegre, estava casado e com um filho de 20 anos. E, antes do banco, trabalhara como radialista na 93 FM, em Jequié! 

Outro dia lembrei de que, com nossa mãe foi um pouco assim. Percebi que, além de mim, que já estava lá, os filhos (Gute, Cezar) também já estavam próximos dela. E foi um pouco assim nos dias da partida. Uns três meses antes, todo mundo foi se chegando em torno dela, em Aracaju! E, na véspera da partida, Gute resolveu vir a Salvador. Como se Deus providenciasse a presença dos mais fortes! Creio que talvez tenha sido isso que eu tivesse que fazer quando passei o ano de 2014 por lá! Só posso entender dessa forma! 

É isso aí! Eu desejo que esteja tudo bem com você. E que possa me dar notícias quando possível! Quando vem a Salvador?

À tout à l'heur! 

M. 

#LeonLeal #Covid-19 #Pandemia #Jequié #NossoMenininho



quinta-feira, 8 de abril de 2021

De Covid-19, Big Brother Brasil e alienação das massas

 


                                                                                                                                                            


Bonjour,

Hoje lembrei-me de você. É que desde a sua última visita, acredito que não tenha tido tempo de limpar sua caixa de e-mails. E as mensagens que te envio têm retornado. Estando em outro país e envolta em pesquisas acadêmicas, creio que o volume de demandas pessoais realmente aumenta. E nem sempre conseguimos equalizar nossos times. Quando vier à cidade, passe aqui para tomarmos um café. No último domingo foi aniversário de nossas irmãs caçulas. A mais nova tem melhorado pouco, desde sua última visita. 

Ouvi notícias pela TV sobre o fim do lock down em Portugal, depois de três meses de fechamento completo do país. Isso é realmente um alívio. Aqui no Brasil a situação continua cada vez mais crítica. Com a completa falta de infra-estrutura para acolhimento, seja em forma de leitos, equipamentos, profissionais, e mesmo remédios, acredita?! Há ameaça até de insumos básicos para entubação, o que coloca em risco os procedimentos e as operações de assistência às pessoas com COVID-19. 

O problema tem agravado os dados no país. Nessas duas últimas semanas os indicadores da média de novos casos estacionou, mas as mortes continuam crescendo. O que podemos concluir que as pessoas continuam morrendo por falta de assistência e leitos porque os hospitais estão congestionados e as equipes, exaustas. Os dados demonstram que não há leitos e os indicadores de mortes diárias ontem chegaram a 3.700 pessoas/dia! Mas, um dos mais respeitados cientistas, Dr Miguel Nicolelis, que presidiu o consórcio Nordeste, já havia afirmado que esses dados tendem a piorar, com a expectativa de que se chegue  a  6 mil mortes/dia.

Não está sendo fácil esse controle. O ritmo da vacinação continua lento. Menos de 3% dos brasileiros receberam a segunda dose até a data de hoje. E cerca de 10% receberam a primeira dose. Com esse ritmo, não chegaremos ao fim de 2021 com a população vacinada. Ainda enfrentamos problemas com a entrega de insumos dos chineses à Butantã para a fabricação de vacinas. E o governo não consegue comprar vacinas em número suficiente para vacinar toda a população. Aqui, além de todos os problemas,  o governo está abrindo mão, mais uma vez, via Congresso, da sua responsabilidade de gerir o controle e a distribuição das vacinas, ao permitir que empresas privadas negociem diretamente com laboratórios e se responsabilizem por vacinar empregados e outros grupos de interesse. Agora, pergunta-se, com essa diluição, qual controle dar-se-á a essas vacinas? 

Eu fico orgulhosa de te ver aí debruçada sobre uma pesquisa acadêmica cujo objeto é a COVID-19. Tenho certeza que nos trará ótimo retrato dessa crise e ótimas reflexões sobre ela, a partir de Portugal. Como você sabe, a presença de mulheres pretas na ciência ainda é pequena e pouco reconhecida. Mas, seu trabalho desde sempre tem sido de muito envolvimento e de ótimas contribuições ao desenvolvimento científico, desde a UFRJ.  

Por aqui a situação também está crítica em relação aos dados, pois muitas pessoas continuam morrendo em função da pandemia. Há um desespero por parte de parcelas da população, que, sem renda, lutam pela reabertura de atividades econômicas; outras 40% vivem hoje abaixo da linha da pobreza. As situações de negacionismo são evidentes; de falta de consciência e inclusive de muita aglomeração. Prefeitura tem flexibilizado de tempos em tempos e as mortes têm sido inevitáveis. 

No mais, por aqui, a única coisa que tem funcionado direito é o Big Brother Brasil. Em sua função de divertssiment alienante. Um grande negócio executado à noite, pela manhã, agora com um programa que repercute o programa também pela tarde. E segue a peleja. Lendo Saviani*, ele nos reporta a Gramsci que afirma não poder o proletariado "erigir-se em força hegemônica sem a elevação do nível cultural das massas". Destacando, segundo o próprio Saviani lembra, "a importância fundamental da Educação" nesse processo. Ah, os pretos e pretas foram dos primeiros a sair. 

À tout à l'heur! 

M. 

*SAVIANI, Dermeval. Educação: Do senso comum à consciência filosófica. Campinas: Autores Associados, 18a ed. revista, 2009, p. 4. 


sábado, 3 de abril de 2021

De Semana Santa, tradições familiares e memórias afetivas

 


Bonjour, 

Estamos na Semana Santa, época em que eu me lembro perfeitamente de casa. Da infância, da nossa cultura baiana. E, especialmente, dos afazeres que tínhamos em casa quando nossos pais eram vivos.  Tivemos a sorte de ter uma família unida. E de termos pais afetos à cultura e tradições baianas. 

E isso me faz lembrar com frequência que éramos dados a comemorar cada data importante, fosse o Carnaval, fosse o São João, fosse o Natal e fosse mesmo a Semana Santa. Dado que nossa mãe era soteropolitana e a família dela tradicionalmente católica - nossa bisavó Bemvinda morreu aos 102 anos após passar mal durante uma missa no Rio de Janeiro, assim contava nossa mãe - a tradição de preparar caruru e vatapá e toda a comida baiana era arte de minha mãe - e nossa. 

Eu infelizmente não aprendi a cozinhar tão bem quanto ela, aprendi pouco porque nossa mãe não nos introduziu nessas artes. Mas, o pouco que sei aprendi com ela, de ver, olhar, e apreciar o tempero delicioso. Que cozinhava muito bem. Aos domingos sempre tínhamos comidinhas para uma família inteira em torno da mesa. Era muito comum um cardápio em fins de semana com cozido, pirão, verduras, tudo delicioso, que D. Nilza preparava.         

E havia sábados, dia de feira, em que nosso pai trazia caranguejos que nossa mãe punha na panela grande, ainda vivos, em água quente. E eu pequena, semi-adolescente, uns 12 anos, ficava imaginando aqueles bichos vivos, sendo cozidos nessa condição. Morria de pena. Eles arranhavam aquele caldeirão de alumínio, grande. E tentavam escapar, sem sucesso! Esse desespero desaparecia à mesa assim que encontrávamos aqueles caranguejos apetitosos, prontos para serem servidos. Nosso pai era aquela figura mansa, e sempre correto, "parceiro", como era conhecido. Educado, falava baixo, nunca levantava a voz. Mas, era rígido nos limites.  

Ele era o criador. Inventava coisas. Adorava ler as revistas Ted que você amava. Ia sempre a Feira de Santana repor mercadorias. Mas, quando retornava, dificilmente deixava de trazer doces para suas crianças. Assim era no seu dia a dia: inventivo. Adorava festas, alegria, tinha sempre um litro de gim sobre a peça móvel da sala; ouvia os próprios discos e as próprias peças em seu repertório; adorava festas populares. O São João era a sua preferida, o Natal também. Estava sempre criando artes para nos reunir. Mas, um reunir silencioso. Nós fazíamos, ele estava ali, como peça-chave! 

Quando éramos crianças - meus irmãos já adultos - ele adorava trazer para casa caças diversas, como teiu. Era hábito entre os pequenos comerciantes, como ele, da Rua Carlos Gomes,  no Centro de Alagoinhas, onde crescemos. Tinha nos arredores meu tio Valter Schefler, sempre por perto, e Anália, dona de um bar,  e o vizinho, um protérico chamado China. Os dois filhos deles, você lembra, eram meus melhores amigos, junto com Marivalda, neta da dona da pensão, situada à direita da nossa casa.  

Eu não sei como são as suas lembranças daquele período, se ainda estão vivas. Nessa casa, sempre que chovia forte, a rua transbordava. E a água de enxurrada invadia a nossa casa. As crianças menores, eu e nossas duas irmãs, descíamos, navegando água abaixo porque a casa tinha um declive, com pequenos degraus. E a água vinha como enxurrada. Era uma vez ou outra que isso acontecia. A cidade nem chove tanto assim porque fica no Agreste. Mas, sempre uma festa para nós, crianças! 

Em épocas como agora, a nossa mãe era a própria tradição. E quando fomos crescendo, a ajudávamos, indo na feira, e em casa, a preparar os ingredientes. O fazer, maravilhoso, era de nossa mãe mesmo. Era o momento em que a família se reunia quase inteira. Todos os seus filhos, filhas, netos, noras e genros. Isso demorou um pouco, só lá pra meus 20 anos. 

Hoje, sentimos que as tradições não são apenas tradições: são nossa cultura, nossa memória, nossa  maneira de ser, de viver em família. A Semana Santa tinha esse conforto, esse cuidado de estarmos em família, celebrando, bebendo um vinho vendido em garrafões. Fazendo aquele barulho de casa cheia, de muitas vozes celebrando, contando causos em voz alta, dando risadas. Saboreando a tradição que nossa mãe - e nosso pai - faziam questão de manter. Seja no caruru, seja no vatapá. E o acarajé, que não era muito comum encontrar-se à venda na cidade, de vez em quando em que a presenteávamos com um exemplar, era sempre uma festa! Uma das iguarias que mais nossa mãe amava! Hoje, na pandemia, em casa, só resta agradecer à festa da vida que só foi possível graças aos nossos antepassados. 

       À tout à l'heur! 

    M.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

De imóvel, direitos adquiridos e violações improfessáveis

Bonsoir,

Passado praticamente um mês desde o último post. Estou às voltas com a gestão do ano de 2021, ainda regulando atividades do semestre passado, que ainda não foram concluídas e às voltas com o reinício do novo semestre na UFBA; além de questões especialmente profissionais e de moradia. 

Esse último quesito ainda tratando-se do assunto que considero improfessável, dada a questão que corre na justiça, que eu considero uma violação extremada de direitos adquiridos, do ser, do estar e do viver, ainda não resolvida. A principal delas, de um imóvel ser removido do processo sem você sequer ser ouvida. Sendo que a parte principal é você e não um comprador que entrou de gaiato no processo, à revelia de seu direito original. 

Mas, a Justiça na Bahia é assim. Você compra um imóvel na planta, paga todas as parcelas em dia. A empresa que vendeu atrasa a entrega. E você é quem paga por decisões incabíveis que violam seus direitos de comprador. 

Inclusive, é você quem pleiteia a compra e o juiz resolve entregar - em menos de um ano de processo -  à construtora, o imóvel sobre o qual você pagou até ITIV, botou luz, pagou parcelas de condomínio. Sem sequer lhe ouvir!!!! E dá a esse imóvel, que por direito é seu, a oportunidade, ainda no processo, de ser vendido. E lhe determina na mesma causa que libera o imóvel à venda, 60% do que você pagou. Percentual inclusive, nunca tocado. Porque a decisão é vergonhosa! Imoral! E o juiz resolveu tirar a bola de campo. E me deixar com os prejuízos. 

 Isso depois de você ter vendido o imóvel que você morava há 12 anos. E de ter tido de alugar outro pra passar uma chuva até a solução final de entrar no imóvel ocorrer. Até o momento, só danos, perdas. De toda a espécie. Sem nenhuma reparação. Nem material, nem moral, nem psicológica, nem espiritual. Nem financeira. 

E vou lhe contar, nenhuma delas serve, a não ser o imóvel retirado à revelia. Vendido a alguém que ainda teve o desplante de me enviar uma mensagem no messenger e me provocar dizendo que a Prefeitura só liberava a venda pra ele se eu fosse no cartório. Você imagina o que isso significa? Que o processo está em curso e que essa venda é inválida.

 Mas, apesar de dois advogados contratados, nenhuma contestação a esse respeito. De uma venda sem que a principal interessada fosse primeiramente ouvida dentro do processo. Ao contrário, a orientação da ação é para que eu entre em um "acordo". 

Agora, não há acordo. Porque não é caso de acordo, é caso de direito sumprimido dentro do próprio processo. E de você estar há 7 anos vivendo de aluguel, quando você deveria estar ocupando o imóvel que você pagou religiosamente todas as prestações da entrada, pagou para até substituir o modelo do rodapé do imóvel - um extra oferecido pela construtora , e por mim pago - e na sequência em que a ação foi dada entrada, tinha renda suficiente para ser imitida na posse do imóvel, sem que ela fosse repassada a um terceiro, ainda com o processo em curso.

 E nenhum de seus prejuízos foi adequadamente até agora coberto. Enquanto eu arco com prejuízos não calculados - alguns até sequer reconhecidos por essa mesma justiça que entrega o imóvel em causa à venda a terceiros! 

Você nem vai acreditar, esses dias, descobri que aquele imóvel que eu vivia e que vendi para entrar no apto novo, está disponível. Qual não é a minha indignação com tudo isso! Vergonhosa indignação porque ao vender, como o imóvel novo não havia sido entregue - e já havia se passado três meses -  o novo comprador me exigiu imediata entrega. 

E eu passei um final de semana inteiro, na oportunidade, chorando, literalmente,  sem ter onde me abrigar. Até uma colega me disponibilizar este que estou. 

Cheguei pra passar uma chuva até a entrega do suposto imóvel comprado na planta, que se deu com um ano após a data prevista no contrato. E estou aqui há 7 anos!!!!!. Incluindo o ano passado em Aracaju, para onde segui para trabalhar. E obter a renda necessária à obtenção do imóvel ao qual a Justiça decidiu em 10 meses, disponibilizar à venda sem sequer me ouvir. 

E nenhuma contestação de advogados. Sob o argumento do primeiro, de que "decisão judicial se cumpre!". A firma chama-se Roberto Visnevksi, empreendimentos, de São Paulo; e a MV Construções, aqui da Bahia, incoporador da obra. O apto é o Modern & Living, situado na Avenida Garibaldi.  E a ação tramita na 32a Vara Cível e Comercial.  A foto acima tirada quando fiz a inspeção para o recebimento do imóvel em 2012, mas nunca entregue a mim como compradora! 




segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

De semana puxada, filosofia contemporânea e pesquisa acadêmica: o que a vida nos ensina.

 Bonjour,



Hoje eu acordei em revisão. Essa semana tem sido puxada, com  finalização de atividades da graduação. Sabe quando às vezes você se esforça muito e parece que está dando tudo errado? Tem coisas que eu não compreendo. A vida às vezes se parece com aquelas sessões da tarde em que a mocinha ou o mocinho está metido em atividades que parecem não funcionar. E o que você mais precisa no momento é daquele outro que consiga lhe entender e, se calhar - como dizem os portugueses - se apaixonar. Hoje eu acordei carente. Compreendendo que nem sempre a gente dá conta de tudo como gostaria. 

Esse último ano foi muito puxado, mas de muito aprendizado. Descobri Hannah Arendt e autores que não havia me detido anteriormente. Minha cadeia filosófica só tinha cruzado transversalmente autores como Foucault - fundamentais - e tenho em casa alguns de seus clássicos, como Vigiar e Punir, de leitura infinitamente clara. (Há muitos anos escrevi uma resenha para A Tarde em seu até então tradicional Caderno 2 - sobre a História da Loucura, um volume longo, escrita solicitada pela colega Tatiana Lima). Enfim...

Durante o curso ofertado pela professora Mariangela Nascimento/UFBA fomos apresentados a autores realmente novos para nós, como Byang Chul-Han, este um professor e ensaístas sul-coreano e professor da Universidade de Berlim. Escreveu, dentre outros "Sociedade do cansaço" - o único que li até agora -, "Sociedade da Transparência",  "Psicopolítica", livros que se tornaram populares pela tradução de questões importantes na contemporaneidade. Eu recomendo que você adquira, se puder, porque são bem em conta, na casa dos R$14,00. São no formato livro de bolso. Pra quem quiser adquirir, vou deixar um link  abaixo (comercial mesmo - e também me ajuda - agora vocês já sabem que podem ajudar essa blogueira aqui). 

Trabalhamos também na disciplina  uma série de pensadores contemporâneos os principios da política e da biopolitica. Em uma disciplina online, com a presença de ótimos professores convidados da Bahia e de muitas partes do Brasil. Foucault, Mbembe, Agamben,  Byang Chul-Han e Hanna Arendt foram os pensadores que estiveram presentes nessa cartela de ideias, prontos ao debate. Em termos de Arendt, interesso-me especificamente por sua obra, as suas questões preponderantes sobre a Condição Humana, as Origens do Totalitarismo, a sua filosofia política, expressando-a como uma mulher para além de seu tempo. 

Como muitos de meus leitores já sabem, escrevi em 2001 uma dissertação defendida em fevereiro de 2002 sobre a questão do público e o privado, dissertação esta que devo publicar em 2021. O mesmo projeto válido para a tese de doutorado que está no prelo pela Segrase/Sergipe, esta tratando das transformações tecnológicas e reflexões sobre a educação, as redes, as cidades e a comunicação ubíquia, no que denominei de um fenômeno que abrange escolas-cidades-redes - redes-cidades-escolas.  

Bem, com relação à dissertação, foi das primeiras dissertações sobre blogs no Brasil, na qual tratei da escrita de mulheres - o diarismo - em perspectiva histórica e fenomenológica. Abordei o surgimento dos diários pessoais que só no século  XIX, de uma maneira global, são compreendidos como um fenômeno da intimidade, no cenário europeu. No século IX, na Ásia, os diários de Sei Shonagan (c.966-1017) - escritora japonesa, denominados de Livro de travesseiro, já ocupavam esse papel de escritos íntimos. Mas, na oportunidade, os homens eram no mundo os maiores escritores de diários, conforme retrato em minha pesquisa.

Eu creio que essas são parte das  transformações que a vida me oferece hoje. De contar com novos autores para pensar a política e a biopolítica contemporâneas. Das mentes  e dos corpos. E, agora  como estudante do Bacharelado em Gênero e Diversidade, cruzando tudo isso com os feminismos e a interseccionalidade. À espera de construir um bom caldo discursivo. Em relação à semana, muitas vezes você precisa ser seu próprio mocinho. Pegando mais leve consigo mesmo. 

À tout '`l'heur! 

M. 

Link para os livros de: 

Byang Chul Han  

 Hannah Arendt 

Giorgio Agamben 

Achille Mbembe



domingo, 3 de janeiro de 2021

De tios, casamentos e passagem: Feliz Ano Novo



 Bonjour, 

Já é ano novo. Ontem, dia 01/01/2021 conversei com nossa tia Marlene (foto). Ela está bem melhor. Parece que vem dando certo a terapêutica executada por nossas primas Isabel, Eliane, Adriana e Pryscilla. Elas vêm se revezando e levando minha tia para estar com elas. Sempre. 

Há uns dois meses ao conversar com Pryscilla minha tia não estava tão bem. Apresentava-se bem nervosa.  Boa parte devido ao luto do meu tio Ananias. No último dia 15 de dezembro fez dois anos da morte. A outra parte se deve ao fato de que a pensão deixada por meu tio ainda não foi autorizada pelo INSS. 

E idoso, como a gente sabe, tem muitos custos. Remédios são caros. E minha tia se ressente de não poder gerir ela mesma essa parte. Tem que contar com as meninas. E o estresse aumenta porque minha tia, aos 84 anos recém completados, preza a autonomia que teve a vida inteira. 

Junta a isso tudo o fato de que teve um AVC que lhe paralisou uma das mãos. Isso associado ao fato de que já não vinha andando muito bem, dado o problema de extrema envergadura da coluna. Agora, precisa andar de muletas e usar fraldas para dormir. 

Fico assim pensando que mudança em tão pouco tempo. Não faz muito, acredito que em 2013 andávamos eu, minha tia e meu tio Ananias. Eles adoravam a Bahia e vinham com frequência - sozinhos - nos visitar. Eu os guiava, íamos de carro, visitando lugares por aqui. 

Da última vez fomos a Aracaju. Minha tia esteve com minha mãe, passamos uns dias por lá. Fomos à praia, comemos caranguejo. No retorno, paramos em Imbassahy, em um lugarejo próximo. E comemos um peixe assado em um dos pequenos restaurantes da região. 

No ano de 2017 meus tios vieram desta vez a Salvador, estiveram com nossos tios em Paripe. Eu os peguei, levei-os até Zé, no Caminho das Árvores, onde passamos uma tarde prazerosa. Nosso irmão e a esposa  preparam um café, sucos de frutas e um bolo. Naquele dia escolhi o melhor pedaço para meu tio. A quem eu ama. Minha tia ficou enciumada. Mas, foi um gesto de camaradagem. Acredito que tenha sido o último.

Meu tio morreu em 2018 em decorrência de uma pneumonia. Coincidência, uma tarde liguei pra lá e ele não estava bem. Falei com ele, estava meio esquisito. Foi logo após o AVC da minha tia Marlene. Eu naquele dia acreditando que, como ele era muito apaixonado, estivesse preocupado com o estado geral da minha tia. Só que não. Ele é quem estava partindo. Não demorou muito, acredito que no dia seguinte, passou mal. Foi internado e 15 dias depois, partiu. Eu creio que ele não aguentaria ficar sem ela. 

A vida é isso. Nossa, que casal maravilhoso. Meu tio era aquela delicadeza. Educado, fino, cortês, cavaleiro, marido, pai exemplar. Um homem dos tempos antigos, como nosso pai, Valdeck. A diferença é que meu pai era mais nervoso, no sentido de usar o cinto, quando preciso. Meu tio era gentleman com as filhas. 

Em episódios como a relação das filhas e namoros. Meu tio Ananias sempre estava presente, mediando a seriedade da relação. Era ele quem tratava de casamento, assim que proposto. Queria conhecer as reais intenções desses candidatos. Foi assim com nossa prima Eliane, quando arranjou um noivo paulista. E meu tio pediu que ele selasse esse compromisso. E creio também que o mesmo se deu com a prima Isabel e Adriana. Não me lembro como foi com Pryscilla. Mas, apesar da superindependência que ela apresenta, encontrar um homem sério, como é o caso, foi tarefa aprendida com o avô. 

Bem, é isso. Passando aqui pra te desejar um Feliz Ano Novo. Dizer que é importante que o contato com a família seja feito e acompanhar os desdobramentos do inventário de nossos pais. 

Ah, quanto a nossa tia Marlene, já faz planos para quando a pandemia passar. De vir nos visitar.

À tout à l'heur

M.


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O Poder dos Quietos


domingo, 20 de outubro de 2013

De sedex, OAB e novo blog


Bonsoir,

Há quanto tempo não nos falamos! Hoje chequei no dispositivo de rastreamento dos correios se você tinha recebido o sedex enviado para universidade com as lembrancinhas da minha última viagem. Espero que sim. Não recebi de volta o AR.
Por aqui tudo em processo. Mudei de casa enquanto espero o novo apê sair, estudando pra concurso depois de ter deixado o trabalho na Petrobras e seguindo minha vida, com alguns direcionamentos. Amanhã começo na capoeira. Uma arte que inventei aí pra enfrentar os quilinhos ganhos com as mudanças no estilo de vida.
Tava querendo te escrever e aproveito que hoje Manu postou essa foto aí recebendo a carteirinha da OAB. Que danada essa menina, viu? Não se faz de rogada e corre atrás do que quer. Tá muito linda. Você adoraria estar em contato com ela.
Dias atrás fui ver mama. Está bem de saúde, embora já demonstre alguns indícios de asilamento dessa realidade. Fala em voltar pra casa dela, dorme muito durante o dia e à noite às vezes tem trabalho de pegar no sono. Sinceramente não sei como aguenta tanto tempo deitada. Continuam as sessões de fisioterapia e a estrutura muscular aparente estar saudável. Está ajustada na companhia da cuidadora, de Cezar e Cezinha, que agora arranjou um estágio numa área de telemarketing da Claro.
No mais, tudo tranquilo, sem grandes novidades. Observo o tempo que passa e as configurações que a vida imprime à cidade, às relações, aos cotidianos.
E você? Desejando que tudo esteja indo bem. Abri um novo blog no wordpress. Também faz homenagem a você. É um novo Cartas a Sandra Marcia, com um foco menos intimista. Você viu como a popularidade por aqui cresceu? Muitos leitores, a grande maioria tem vindo espontaneamente.Gostaram muito do meu post, no qual presto uma homenagem a você e falo dos médicos cubanos. E quando vem por aqui? É só avisar, tem espaço nos nossos corações e nas nossas casas.

A tout à l'heur.

M.

sábado, 6 de julho de 2013

De mosquitos, tubarões e cubanos



Bonjour,

Tenho pensado muito em você nesses últimos tempos, ao acompanhar com ressalvas a grita e resistência dos médicos brasileiros e suas entidades de classe  à proposta do governo Dilma de contratar médicos cubanos para atender os brasileirinhos que morrem à míngua nos  próximos e longínquos recantos do país. Por mais que entenda os argumentos classistas e corporativistas dos profissionais médicos, acredito que a medida possa trazer algum alívio para as dores abdominais, os acessos de verme e os casos de diarreia que assolam as comunidades carentes do país. Sempre penso no seu exemplo, médica abnegada a um trabalho social e comunitário no Acre, atendendo clínica médica e pesquisando doenças tropicais, na fronteira com a Bolívia, imagino que tenha muito a nos ensinar sobre essa questão. 

Observei curiosa a capacidade de aglutinação da classe médica brasileira ao saír às ruas na última quarta-feira para protestar contra a medida. Me lembrou a disposição dos dentistas portugueses que por anos submeteram os profissionais brasileiros que tentavam exercer a odontologia naquele país a situações humilhantes. O mesmo ocorre com engenheiros estrangeiros que tentam se estabelecer no Brasil e são alvos da resistência  por parte de entidades de classe que insistem em não reconhecer os seus diplomas. E também com as centenas de médicos brasileiros que tentam revalidar os seus diplomas.

Em relação ao Revalida médico, o número de profissionais reprovados é cada vez maior, e o exame, coordenado pelo INEP e aplicado em faculdades federais de medicina pelo país, vem sendo colocado em xeque pelo governo federal. Em 2004 o Revalida aprovou 804 diplomas; em 2012 foram apenas 121 profissionais, segundo dados do Ministério da Saúde. Agora vê-se que esse processo realizado dentro das faculdades de medicina, que são os órgãos revalidadores, virou um tiro no pé. Parece claro que há a necessidade de critérios mais bem definidos para o Revalida, que talvez não se resumam apenas à realização de uma prova, mas à necessidade de uma formação contínua pós-diploma, que possa ser estabelecida num entendimento entre governo, órgãos de ensino e conselhos médicos. 

Imagino se esse fechamento ocorresse na área científica ou futebolística, por exemplo. Não teríamos as fantásticas trocas de experiências entre pesquisadores, docentes de países que visitam ou mesmo cada vez mais são incorporados com prazer aos processos de ensino e pesquisa pelo mundo. Imaginemos também as centenas de jogadores e outros atletas brasileiros que são incorporados aos times em todo o mundo, um Neymar sendo impedido de praticar o seu futebol em terras alheias simplesmente porque é um excelente jogador e está tirando o espaço de colegas atletas do Barcelona, por exemplo.

E o que diríamos dos jornalistas estrangeiros que se encontram no Brasil praticando o seu ofício? Ou das centenas de técnicos de mídia  brasileiros pelo mundo, caso fossem impedidos de praticar o seu ofício? Parece que em tempos de glocalizações em que o local e o global se presentificam,  não faz muito sentido certas reservas de mercado, desde que respeitados os principíos e as garantias do exercício profissional. Creio que nesse sentido, o Revalida - num molde consensual de critérios entre os interessados, diferente do que se tem aí - é um instrumento indispensável à garantia dos estatutos que dignificam a atividade e no combate à precarização da profissão médica; como para os jornalistas, o é o seu diploma.

Esse episódio da classe médica contra os colegas cubanos me fez lembrar daquela fábula japonesa, em que para se manterem frescos, peixes são transportados em um tonel ocupado por um tubarão. Para se manterem vivos, os peixes têm mesmo que reagir. O mesmo tem valido para os médicos que são contra a vinda dos cubanos (e também, pelo que parece, dos graduados brasileiros).

Eu gostaria de ter visto há mais tempo e mais vezes todos esses médicos que hoje estão se mobilizando abrir a boca mais vezes para defender e ir pra rua, convocar a população para lutar em favor de garantir a manutenção da proposta de universalização dos serviços do SUS e pela humanização da prática da medicina, não apenas pelo Revalida. Esse quadro em que a hospitalização, o enfoque diagnóstico de alta ponta assistencial que continua favorecendo os grandes grupos que controlam a medicina no país,  deve dar lugar ao tipo de medicina original a que se propôs o SUS, na perspectiva da prevenção e do combate às doenças e males que acometem a população - grande parte carente no país. Esse é que deveria ser o grande Revalida médico. 

Combater tuberculose, diarreia,  malária, dengue, doenças de chagas e outras doenças tropicais exige outro tipo de abordagem que não se resume (apenas) a melhores hospitais e assistência diagnóstica de ponta. Muitas vezes vale mais o compromisso de Hipócrates e uma boa dose de denúncia e renúncia. Você é quem bem sabe disso aí no Acre, na ponta da Amazônia, o que me dá muito orgulho. Posso falar de boca cheia que quem como você, minha irmã, exerce seu trabalho social juramentado longe ou perto e dá sua vida pela assistência social não tem medo de médicos cubanos. 

À tout à l'heur! 

M.


Parabéns, parabéns!

Bonjour,


Feliz aniversário!!! A data de ontem (05/07) é sempre inesquecível para todos nós que te amamos. Não deu tempo de escrever este post ontem, envolta que estava em uma série de atividades que me tomou o dia e entrou pela noite. Mas você sabe a importância que tem em nossas vidas e o quanto sintonizamos nesse dia para te desejar muito amor, amigos ao seu lado, muita saúde, felicidade e alegrias contínuas. Que nunca falte o amor e a proteção de Deus em sua vida! 
Desejo que tenha tido um dia amorosamente bom e feliz! Bjs

À tout à l'heur. 

domingo, 25 de novembro de 2012

Bonsoir,


domingo, 23 de setembro de 2012

De notícias da mamãe e formatura de Manu/ Of mama news and Manu graduation party

Bonsoir,
Acabei de voltar de Aracaju. Nossa mãe se recupera de um novo avc ocorrido no último feriado.Foi um novo registro, já que recentemente havia passado pelo mesmo problema. Desta vez atingiu um pouco a boca e afetou novamente o braço esquerdo. Apesar dos percalços, ela está bem, tá sendo cuidada e recebendo a atenção de um fisioterapeuta três vezes por semana. A movimentação está comprometida e agora passa mais tempo deitada. Mas a mente está lúcida e boa, graças a Deus.
Ontem à noite foi a formatura de Manu, em Direito, pela Faculdade Ruy Barbosa. A solenidade foi no Centro de Convenções, em Salvador. Na foto você pode ver como cresceu e ficou bem bonita. Ela está radiante com essa nova etapa da vida. É uma menina bem tranquila e você adoraria trocar umas ideias com ela e com João.
Parece que em nossas vidas pessoais é um período de mudanças também. Estamos em transição no trabalho; Sueli também passa por mudanças no casamento e assim vamos. Gostaria muito que você estivesse por aqui acompanhando de perto tantos movimentos.
Você sabe, o apartamento está em vias de ser entregue e você será sempre bem-vinda em qualquer de nossas casas e de nossos espaços.

À tout à l'heur.
M.

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Bonsoir,

I just came back from Aracaju. Our mother convalesce from a new Vascular Cerebral Accident occurried in   the last brazilian holliday. It was a new register once recently she has faced a same problem before.  This time the VCA has harmed her mouth and the left arm. Altought these hard process she is going well once she has been care by everybody, specially a physiotherapist that comes three times a week. Her body moviments are blocked and she has been laying in bed the most part of the time. But, her mind is very good and lucid.
 Yesterday night Manuela has her graduated party. She graduated in Law by Faculty of Rui Barbosa. You can see above in the photo how much she has growing up. She felt herself excited about this new moment in her life. She is a very nice girl, very calm and I bet you would love to change some ideas and have a nice conversation with her and Joao.
It looks like our lives are under many changings. We face some transition process at work; Sueli is under changings in her personnel life and her marriage, too. I wish you could be here following us closer than lately to have the opportunity to feel all this life moviment.
You know, my new appartment is going to be ready and we are able to move to it soon. You are welcome always in any way and any one of our home and spaces.

À tout à l'heur.
M.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

De notícias e delicadeza do amor/ Of news and sensitivity of love

Bonjour,

Passei o dia com saudades de você. Queria muito que você estivesse aqui por perto para eu dividir com você alguns dos últimos movimentos de minha vida.
A nossa última conversa girou em torno da viagem de férias para a Alemanha e Áustria. Queria que você estivesse por aqui interferindo mais com suas colocações e certamente boas ideias que sinto falta em minha vida. Nada como uma irmazinha mais velha para nos dar bons conselhos...
Por aqui tudo caminhando. Sueli e Vinicius estiveram rapidamente por aqui. Ele está bem grande, como você sabe. Tá cursando Sistemas de |Informações na UEFS, seu antigo lar, e tem aulas no campus de São Cristóvão. Lá também o povo está em greve. Ele ri e se diverte. Agora tem mais tempo para ir à academia e para se dedicar ao grupo de pacode "O Vulto", que ele dirige. É uma figura! É flastrão, engraçado e está num momento apaixonado pela namoradinha. Você iria adorar revê-lo porque ele resgatou aquele jeitão divertido de quando era criança.
E você, por aí, muito trabalho? Espero que também arranje tempo pra se divertir, abrir o sorriso, que é sempre o espelho da alma. Outro dia vi um filme bem legal: "A delicadeza do amor", deve ter em locadora, caso não esteja passando por aí. Uma lição de vida porque nos ajuda a quebrar regras muitas vezes tão rígidas em relação à vida e às pessoas que a gente costuma criar.

Eu torço para que tudo vá bem com você, sempre!

À tout à l'heur.

M.

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Bonjour,


Passei o dia com saudades de você.

I have been missing you during all day. I wish I could have you closer to me and I could share some of the last happenings in my life.

Our last talking came around my vacation to Germany and Austrian. I would want you here sharing advices with me and certainly I could receive some good ideas to fill my empty life. Nothing as a little old sister giving some good advices…

Everything is going well. Sueli and Vinicius had been here in Salvador, but for a quickly time. He grew up, as you know. He attends the Sistem of Information at University Federal of Sergipe, your old home, where you studied Medicine. He has been classes at Sao Cristovan campus. The professors are under a strike. Vinicius uses to laugh and he has fun with all situation. Now he has more time to go to the Gym and to dedicate himself to the music group named “O vulto”, which is the manager. He is a nice guy! He speaks a lot, he is funny e he is now fall in love to his girlfriend.

You would love him because he brought back his funny way you had when he was a child.

Andy you, are you working hard? I hope you get a time to have fun and to open your smile, that is the soul mirror. Another day I watch a movie named “The sensitivity of love” – I think you can rent it – in case you can watch it at the cinema. It is a lesson for the life due helps us to brake much of that so strong rules related to the life and the people that we used to create.

I hope everything going well to you, always!

À tout à l'heur.


M.





sexta-feira, 6 de julho de 2012

De aniversário e homenagem virtual

Bonjour,

Ontem festejei em silêncio seu aniversário. Não passei por aqui, não escrevi aqui, mas passei momentos do dia relembrando que sim, ontem  era o dia de seu aniversário!
Pensava ser mais um aniversário em que não conseguimos desfrutar juntas a data, oportunizando o momento. Foi uma pena a ausência de contato. De qualquer forma, espero que tenha tido um feliz aniversário!
Por aqui um dia comum. Nada de especial foi realizado. Hoje Sueli e Vinicius estão de passagem por Salvador para a realização de atividades específicas para a retirada de documentos pessoais. E assim vamos. Deixo aí a minha homenagem, um bolo virtual, representando o que poderia ter sido um parabéns regado a pessoas animadas, amorosas e felizes em torno de você. Felicidades!

A tout à l'heur.

domingo, 10 de junho de 2012

De Berggasse e presente de Viena Of Berggasse e gift from Viena

Bonjour,


Nesta rua funciona o Museu Freud

Lembrei-me ontem que as universidades federais estão em greve. Não seis se esse é o caso da sua, de qualquer sorte fiquei preocupada e preferi te avisar de que seu presentinho comprado em Viena foi entregue no endereço da faculdade de medicina, em seu nome.
A lojinha em  que comprei foi nessa rua aí, a Berggasse, na qual Freud morou.  Estivemos, eu e minha amiga Annemarie, no Museu Freud, o lugar dos meus mais longínquos sonhos de conhecer. Fiz dois anos de estudos em psicanálise e li muito sobre Freud, suas pesquisas, seus trabalhos, sua biografia, sua obra. Conhecer a Bergasse 19 era para mim um sonho. Agora realizado.
Por aqui, caminhando. No aguardo da finalização das obras de meu apartamento, no Rio Vermelho. Lembra daquela vez em que você esteve em Salvador para um congresso, algo assim, e ficou por um, dois dias no meu apartamento no Rio Vermelho? O novo fica pertinho desse, só que numa posição mais legal, tem vista mar e tudo. Quero que você conheça. Em dezembro seria uma época bem legal porque quero ter a casa decorada pro Natal. Aí você poderia viver um pouquinho essa alegria da casa nova comigo.
É isso. Vou ficando por aqui...

À tout  à l'heur.

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Bonjour

I thought on you yesterday. I realized the brazilian federal universities had their services stopped due of professors strike. I do not know if is the Acre professors situation, but anyway I would like to let you know the gift bought in Wiena has been already delivered to you, to the Faculty of Medicine with the package face in your name.
The little store- a medicine books store - I bought it is located in this street, the 19 Berggasse, where Freud lived. I and my friend Annemarie, were at Freud Museum, the place of my far dreams I would like to know. I have attended two years of Psychoanalise studies and I have read much of Freud, his researches, his writings, his biography, his work. Know the 19 Berggasse was a dream, now realized.
I am here, doing well. I am waiting for my new appartment that is almost ready to be occupied. It is located in Rio Vermelho. Do you remember once you were here in Salvador to participate in a Congress, something like that, and you were here with me in my Rio Vermelho home? This new one is closer to  it, but is better located, it has a nice view to the sea. I would like you know it. Next december would be a nice time to you visit me due I probably will have my home ready to the Cristhmas party. I would like you here living the same sensation came from the new house. I have to go now.

À tout à l'heur

quarta-feira, 6 de junho de 2012

De Viena, Museu Freud e festejos juninos

Bonjour,



Ópera Viena: alegria com ticket inesperado

Acabei de chegar há uma semana de minhas férias passadas na Alemanha e Áustria. Fui para casa de Annemarie, uma querida amiga austríaca que me hospedou por 12 dias. Foi um tempo riquíssimo de aprendizagens, passado em uma excelente companhia.
Lembrei-me de você e acabei comprando um presentinho. Espero que goste.
Gostei de tudo por lá, mas dentre todos os lugares vividos, Viena foi o de grande alegria, vivida entre ruas, visita ao Museu Freud e a uma cidade culturalmente encantadora.
Tivemos muita sorte por lá. Ganhamos ingressos de E$186,00 cada de uma mulher que, por sorte, estava desistindo de assistir a uma ópera. A experiência foi fantástica, muito singular, pela alegria do inusitado de estar presente a um espetáculo na Ópera de Viena, acompanhado pela Orquestra Sinfônica de Viena. Também fomos ao Burg Theater e vimos Romeu e Julieta (Júlia para eles). Também foi muito divertido assistir àquela versão juvenil da tragédia shakespeariana.

É isso. Estamos aqui no mês de junho nos preparando para os festejos do mês que eu sei que você tanto adora. Lembra de uma vez em que você comeu quase um saco de amendoim cozido e quase morre de tanto ir ao banheiro?

É tempo também do aniversário de nossos sobrinhos, seus amores.

Seria bom se você arranjasse um tempinho e  viesse nos ver.

À tout à l'heur.

domingo, 6 de maio de 2012

De mundos, dias quentes e caranguejo


Foto: Conexaocomomundo.blogspot.com


Bonjour,

Há um mundo de coisas acontecendo por aí. Às vezes ficamos apegados demais a dados muito pequenos.
Daqui a pouco vou dar um rolê pela Alemanha, onde vou visitar uma amiga austríaca, casada com um alemão da Bavária. Serão 15 dias de férias e eu espero que muitas experiências boas possam acontecer e novos cenários se descortinem para limpar as retinas um pouco limitadas a um mundo brasiliano.
Por aqui estamos em maio e o sol resiste, ainda acreditando que estamos no verão. Ontem fez 34 graus e hoje o dia é de praia, vento um pouco frio e expectativas de uns caranguejinhos.
Na última semana tivemos o 1. de maio, quando viajei para me encontrar com Virgínia na casa dela. Estive com ela, Rainer, o marido, e Alfred, alemão, assim como ele, ah, e Boni, que é um cachorrinho esperto de sete meses. Foi um dia tranquilo, passado entre conversas, papos em dia e ao redor de uma mesa em que Boni também participava. À noite tomamos um vinho. No outro dia, aventuras ao retornar para casa, quando meu carro ficou preso num posto policial. É uma longa história, que só vale à pena pelos detalhes que podem ser contados quando nos encontrarmos uma hora dessas.
Estou envolvida com o projeto em torno de nosso meio-avô alemão, que descobri teve talvez o pai ou o avô relacionado à construção da ferrovia RFFSA Leste, que você conheceu muito bem. Estou levantando dados para traçar esse link que lembra bem a nossa infância passada em frente à linha de trem. Tempos bons aqueles.
Uma amiga minha é amiga de uma de nossas meias-primas, filha de nosso tio Valtinho. Penso no futuro contactá-la para buscar dados que possam recompor nossa história. Quero que dê, além de um roteiro de documentário, um livro que resgate esse fato histórico-familiar.
Nossa mãe vai indo, sempre à procura de notícias suas, é claro, torcendo, como eu, para que um dia nos reencontremos nesse retorno tão aguardado. Brevemente mudarei de apartamento e você também será bem-vinda na morada nova. A casa de Alagoinhas foi posta à venda, mas ainda não tive informações concretas se já há comprador. A idea de mãe é comprar um apartamento em Aju mesmo e sair do aluguel. Como vê, ela ainda tem planos.
Bem, é isso, vou ficando por aqui.

À tout à l´heur.

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De amiga que se vai e das lembranças que ficam: meu adeus a Christel

                                             Christel em Carcassone.  Minha amiga Christel partiu! Recebi seu adeus por intermédio de outra ...